1. Plano de salvação americano faz bolsas subirem. A divulgação do pacote de medidas anti-crise do governo americano levou euforia aos mercados de todo o mundo, como mostra o portal G1. A alegria dos investidores tem motivo. A reportagem do The New York Times detalha as medidas tomadas, sendo que a principal é a proibição temporária do short-selling, a tomada de títulos emprestados para devolver depois de algum tempo apostando em sua queda, que vinha destruindo as chances de recuperação de muitos bancos. O Tesouro dos EUA também garantiu um fundo de US$ 50 bilhões para garantir a solvência do mercado financeiro e vai retirar do mercado papéis podres.
2. Como a crise está prejudicando a economia brasileira. Em meio à confusão na economia global, o Valor publica hoje uma reportagem que mostra uma das formas de prejuízo que o Brasil tem com a crise. Segundo a reportagem, o peso das commodities na economia nacional tem aumentado muito (foi de 37,6% em 2006 para 45,6% em 2006) e, com os preços baixando devido à crise, o país fica mais sensível a essa variação. Edgard Pereira, professor da Unicamp, fala de uma “primarização” da economia, conceito que é rejeitado pelo chefe da pesquisa econômica do BDNES, Fernando Puga, que atribui o fenômeno ao segmento do petróleo. É certo que o investimento em matérias-primas é fundamental para o Brasil, mas as palavras do professor da Unicamp fazem um alerta importante: se o Brasil parece confiável em meio à esta crise, estaria muito mais se tivesse uma indústria mais diversificada.
Brasil - 3. PF afasta delegados que prenderam número dois. Quanto mais o tempo passa, mais claro fica que o delegado Protógenes Queiroz, chefe da Operação Satiagraha, não é o causador de um racha na Polícia Federal, mas sim um produto dessa divisão, que parece se alastrar cada vez mais. Ontem, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que deu voz de prisão ao segundo no comando, Romero Meneses, acusado de favorecer um irmão em licitações no Amapá, afastou os delegados que comandaram a operação. Segundo o Globo, há delegados indignados com a prisão, que careceria de indícios suficientes. Para a Associação de Delegados da PF, o maior temor é o de que a corporação pareça “descontrolada” e seja comandada por um político e não um policial.
4. Perícia diz que equipamento da Abin não faz grampo. O que isso prova?. O Instituto Nacional de Criminalística realizou uma perícia nos 16 equipamentos da Abin e produziu laudo afirmando que eles não fazem escuta. O que isso prova? Nada, como disse à Folha o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O laudo apenas mostra que os tais equipamentos não foram usados para fazer grampos, mas se os agentes da Abin foram usados de forma clandestina pela PF, é bastante razoável que tenham usado equipamentos também clandestinos. O foco da apuração, seja da CPI dos Grampos ou da PF, deve ser a relação entre policiais federais e arapongas, e não em detalhes técnicos que podem ser mascarados ou modificados.
5. Projeto quer criminalizar jornalista que divulgar grampo. Estava demorando, mas a patrulha da imprensa no governo, que até já expulsou um correspondente internacional (para, em seguida, voltar atrás) apareceu na crise dos grampos. Conforme mostra reportagem da Folha, o projeto, solicitado pelo presidente Lula, tem um texto genérico, que abre uma brecha para a punição de jornalistas que divulguem material sob segredo de Justiça. A punição (dois a quatro anos de detenção) só caberia caso a Justiça entenda que a divulgação teria objetivo ilegal, como chantagem ou calúnia. É óbvio que um jornalista que age dessa forma deve ser punido, mas também é óbvio que o novo projeto será mais um daqueles usados pelos criminosos para retardar o andamento dos processos. Qualquer um que for flagrado em grampos, poderá processar o órgão de imprensa responsável pela denúncia. Um completo absurdo, que tenha saido diretamente do gabinete do Presidente Lula.
Eleições - 6. Kassab e Alckmin aparecem empatados no Datafolha. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparecem empatados na nova pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha, com 22%. É a primeira vez que isso ocorre, a menos de três semanas das eleições, numa clara mostra de que a disputa entre os dois seguirá acirrada até o dia da votação. Segundo a análise do Datafolha, a subida de Alckmin se deve ao tom mais crítico contra Kassab que ele vem adotando no horário eleitoral. Marta Suplicy (PT) segue tranqüila na frente, com 37%, mas precisa abrir bem os olhos. Se houver migração de votos de Kassab para Alckmin, ou vice-versa, no segundo turno, a petista ficará em situação complicada.
7. Lula causa desconforto em aliados. Reportagem do Estadão de hoje mostra que o presidente Lula enfureceu os aliados do PMDB e de outros partidos por ter gravado vídeos de apoio a candidatos do PT e do PCdoB, incluindo alguns que concorrem contra outros membros da base do governo. A indignação é motivada pelo fato de Lula ter prometido não fazer campanha em cidades onde a base aliada não está unida. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, reclamou com Lula e alertou sobre “o perigo que isso pode representar para a base no futuro”. Fora o fato irônico de o PMDB, que é governo há mais de 20 anos, estar pedindo fidelidade, estranha a escancarada preferência de Lula. É certo que sua popularidade não pára de subir, mas é difícil crer que o presidente poderá fazer seu sucessor sem o apoio da máquina de votos que é o PMDB.
Mundo - 8. Chávez expulsa diretor da Human Rights Watch. Hugo Chávez consegue se superar a cada dia. O presidente da Venezuela anunciou hoje a expulsão do chileno José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch, a respeitada organização de defesa dos direitos humanos. A afronta de Chávez contra a HRW, tão respeitada que teve até seu site liberado na China antes dos Jogos Olímpicos, após forte clamor internacional, se baseia na “violação da Constituição” da Venezuela, segundo afirmou o governo à BBC Brasil, pois Vivanco teria atacado “a soberania nacional e da dignidade do povo venezuelano”. A atitude destemperada de Chávez mostra que o relatório, chamado “Intolerância política e oportunidades perdidas para o progresso dos direitos humanos na Venezuela”, está correto desde o título.
9. Oposição boliviana vem ao Brasil denunciar violência de Evo. Depois de ver seus protestos minguarem com o apoio que o presidente Evo Morales recebeu dos governantes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a oposição da Bolívia decidiu apelar para os estrangeiros. Segundo a BBC Brasil, Branko Marinkovic, presidente do Comitê Cívico Santa Cruz, que reúne diversas alas da oposição, vai visitar Brasil, Argentina, Chile e Paraguai para “denunciar a violência do governo do presidente Evo Morales”. A Unasul teve atuação destacada durante a crise, mas convém que os governantes estejam de ouvidos abertos ao que Marinkovic tem a dizer. É preciso exigir que os dois lados garantam a democracia na Bolívia, para garantir o respeito aos direitos humanos e manter a estabilidade em um país de extrema importância estratégica.
10. Otan pode criar força militar permanente. Um dia depois de a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, afirmar que a Rússia caminhava para o isolamento e a irrelevância por conta de suas atitudes recentes, a Otan se reúne, segundo o Times, para elaborar a criação de uma força militar de alta mobilidade para atuar caso algum país da organização ocidental seja atacado. O projeto, que é um sonho do Pentágono segundo o jornal britânico, deve enfrentar resistências das potências européias. Parece que os falcões de Washington, mesmo depois do fracasso de atolarem os Estados Unidos em ocupações no Afeganistão e no Iraque, não se cansam do militarismo. A aprovação de um projeto como esse irá, sem dúvida, promover uma escalada nas tensões com a Rússia comparável apenas ao período da Guerra Fria.
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