1. Pré-sal, estrela do 7 de Setembro. Nas ruas e na TV. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dado mostras de que iria usar como trunfo político a descoberta de enormes reservas de petróleo na camada pré-sal. Ontem, aproveitando a atmosfera ufanista do 7 de Setembro, Lula deitou e rolou. Em seu pronunciamento em rede nacional, ele disse que “vislumbrou o futuro” ao ver os primeiros volumes de óleo sendo extraídos do campo de Jubarte (ES). O Estadão diz que ele usou “frases didáticas e de efeito político” para informar à população o que é o pré-sal – no discurso do presidente, uma “ponte direta entre a riqueza natural e a erradicação da pobreza” (leia no G1 a íntegra do pronunciamento). No desfile da Independência, em Brasília, o petróleo também foi destaque: jovens carregaram maquetes de plataformas da Petrobras e desfilaram ao lado da bandeira da empresa.

2. Ao Clarín, Lula diz que seu sucessor deve ser uma mulher. O jornal argentino Clarín veio a Brasília para uma longa entrevista com o presidente Lula. Na primeira parte, publicada ontem, ele disse que “não existe nenhuma hipótese de que o Brasil jogue sozinho”, numa alusão à parceria comercial com nossos vizinhos. O destaque da segunda parte, divulgada nesta segunda-feira, é que Lula, “com muita humildade”, garante que vai fazer seu sucessor em 2010. Ele não falou em um nome, mas foi como se tivesse falado: “há muitas possibilidades de que seja uma mulher”. A ministra Dilma Rousseff deve ter gostado.

3. O PAC das Forças Armadas vai decolar? O novo Plano Estratégico de Defesa Nacional (já apelidado de PAC das Forças Armadas) deveria ter sido lançado ontem, durante as comemorações do 7 de Setembro, mas cumprir prazos nunca foi o forte dos nossos governos. Segundo a Folha (para assinantes), uma reunião amanhã, no Palácio do Planalto, definirá a nova data. O jornal diz que o plano vai arbitrar o “papel policial” das Forças, numa tentativa de regulamentar com mais precisão as situações constitucionais em que os militares podem ajudar as polícias estaduais (até para evitar um novo desastre como o do Morro da Providência, no Rio). O Valor Econômico (para assinantes) aborda a face industrial do plano: o Brasil deverá passar a fabricar caças e outros equipamentos militares, com a concessão de incentivos fiscais para o setor bélico.

4. Na briga Alckmin X Kassab, só dá Marta. Era evidente que a disputa entre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) nas eleições paulistanas favoreceria Marta Suplicy (PT), que ficaria de camarote. Os números da última pesquisa Datafolha confirmam isso: Kassab subiu, chegou a 19% e ameaça o segundo lugar de Alckmin, que caiu para 22%. Marta, por sua vez, lidera com folga: 40%. Hoje, na Folha (para assinantes), há a informação de que aliados de Alckmin querem que ele parta para o ataque à gestão do democrata na TV e acabe com as aparências de boa vizinhança. O tucano já elevou o tom sobre colegas de PSDB que apóiam Kassab: “eles não têm compromisso com o povo e com o partido”.

5. Federais agora criam cotas para alunos do interior ou da periferia. Duas universidades federais (UnB e UFPE) adotaram mais um mecanismo de cotas, mas desta vez parece que passaram da conta. Elas criaram o “bônus regional”, com pontuação extra para quem estudou o ensino médio em escolas do entorno de Brasília (no caso da UnB) e do interior de Pernambuco (para a UFPE). Não importa se o vestibulando é rico ou pobre, se estudou em colégios públicos ou privados. O Globo (íntegra para assinantes) informa que o “incentivo geográfico” surpreendeu o ministro da Educação, Fernando Haddad. “É a primeira vez que ouço falar de demarcação territorial”, afirmou, garantindo que a consultoria jurídica do ministério não foi procurada. Se a moda pega, daqui a pouco haverá um gigantesco êxodo estudantil rumo ao interior...

6. O estouro do brasileiro no cheque especial. Os juros andam altos e o crédito, restrito. Neste cenário, os brasileiros têm se endividado como nunca no cheque especial, justamente a modalidade de crédito mais cara do sistema financeiro. Dados do Banco Central (BC) mostram que, em julho, os brasileiros utilizaram R$ 20,7 bilhões acima do limite, 12,3% a mais que no mesmo mês de 2007. Segundo economistas ouvidos pelo Estadão (link indisponível pela manhã), “o fenômeno preocupa a médio prazo, já que indica endividamento acima do razoável no orçamento familiar, o que pode elevar a inadimplência”.

Futebol 7. Com vontade, tudo fica mais fácil para a Seleção. Com a vitória por 3 a 0 sobre o Chile, Dunga garantiu na noite de domingo sua permanência no cargo de técnico da seleção brasileira por mais algum tempo. Como destacou José Geraldo Couto na Folha (para assinantes), o treinador bem que poderia estar agora repetindo a célebre frase “vocês vão ter que me engolir", eternizada por Zagallo. O interessante é que, depois de muito tempo, a seleção brasileira mostrou vontade de vencer, uma característica que costuma sobrar aos adversários que enfrentam a equipe pentacampeã mundial. Se os jogadores mostrassem a dedicação de ontem em todas as partidas, e colocassem seu potencial a serviço do time, a relação com a torcida seria muito mais tranqüila e eles não teriam que ouvir elogios públicos até do presidente Lula ao craque argentino Lionel Messi.

Mundo 8. Governo americano estatiza Fannie Mae e Freddie Mac. É claro que a Secretaria do Tesouro dos EUA não usou a palavra “estatizar”, mas não há muito como fugir dessa definição após o anúncio de que os gigantes bancos do setor hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, que havia um bom tempo agonizavam com a crise do setor, ficarão sob tutela do governo americano. Para o The New York Times, trata-se de um “evento sísmico”, “uma extraordinária intervenção federal em um setor privado”. O plano é injetar até US$ 100 bilhões em cada uma das empresas para suprir qualquer risco de insolvência. Fannie Mae e Freddie Mac terão de reduzir seu portfólio de investimentos em 10% ao ano a partir de 2010, uma clara mostra de que o governo quer diminuir o peso delas no mercado imobiliário. A ajuda monumental escancara o descuido de Bush na gestão da crise. Que não seja tarde demais para contorná-la.

9. Após convenção, McCain passa Obama. Uma nova pesquisa eleitoral feita pelo instituto Gallup aponta vantagem de 50% a 46% para o candidato republicano John McCain nas intenções de voto para a eleição presidencial dos Estados Unidos. Segundo o USA Today, que encomendou a pesquisa, a vantagem é a maior de McCain sobre o democrata Barack Obama desde janeiro. De acordo com um cientista político ouvido pelo jornal, McCain está “muito melhor colocado do que seus aliados previam”, graças à convenção do Partido Republicano, realizada no início do mês, e à escolha de Sarah Palin, governadora do Alaska, como vice. A onda de boas notícias para McCain é retratada também pelo site Real Clear Politics, que monitora as pesquisas eleitorais – depois de várias semanas, McCain aparece à frente de Obama na média geral das pesquisas, com 46,7% a 45.5%.

10. A Rússia ainda controla a Ossétia do Sul. O confronto entre Rússia e Geórgia na Ossétia do Sul pode estar apaziguado aparentemente, mas nem de longe a influência russa diminuiu na região. Em uma clara demonstração de força, relatada no International Herald Tribune, militares russos impediram nesta segunda-feira que um comboio de quatro veículos de agências humanitárias da ONU levassem ajuda a algumas vilas da Ossétia do Sul. O bloqueio será mais um assunto para o presidente da França, Nicolas Sarkozy, debater na Rússia. Ele chegou a Moscou para tentar convencer a Rússia a recuar suas tropas para o limite em que estavam antes de 7 de agosto, quando teve início o conflito entre Rússia e Geórgia.